sexta-feira, setembro 29, 2006

O Lenhador


O Lenhador conta a história de Walter (Kevin Bacon), um homem recém-saído da prisão que busca se reintegrar socialmente. Só que há um empecilho nessa busca: ele havia sido preso por pedofilia. Ele vai de encontro ao preconceito das pessoas com quem trabalha, do policial que cuida da sua condicional e de sua irmã. Os únicos que parecem acreditar na sua reabilitação são seu cunhado e sua namorada.

Não é só preconceito que Walter tem que enfrentar. A todo momento ele é tentado a cometer o mesmo ato do passado e sentimos o conflito por qual ele passa. O legal do filme é que ele mostra uma perspectiva diferente da que é senso comum: o da pessoa simplesmente má que abusa de crianças.

Um dos filmes mais corajosos a que já assisti. Recomendo. Mesmo.

terça-feira, setembro 26, 2006

V de Vingança


V de Vingança não cabe num post. São muitas as questões levantadas pelo filme, e a liberdade é a maior delas. No filme nos é apresentada uma Inglaterra dominada por um ditador, que conseguiu chegar ao poder graças à promessa de garantir a segurança e o "bem-estar" da população. Não há liberdade de expressão, nem de orientação sexual ou religiosa. É nesse cenário que surge V, um homem vingativo que mantém o rosto escondido por uma sorridente máscara e que com métodos terroristas (polêmica) tenta desestabilizar o poder dominante e provocar uma reação na aparente passiva população dominada. Quem assisti ao filme percebe claramente referências a certos países imperialistas...

Natalie Portman, que interpreta a jovem Evey, aparece como um exemplo de libertação promovido pelos conceitos ideológicos defendidos por V.

Só para constar, este filme, com cara de 1984, é baseado em uma Graphic Novel de Alan Moore e tem como roteiristas os realizadores de Matrix, Andy e Larry Washowsky.

domingo, setembro 24, 2006

Vidas Secas, de Graciliano Ramos


Graciliano Ramos retrata a seca do sertão nordestino através da perspectiva da família do vaqueiro Fabiano, formada também por Sinha Vitória, pelo menino mais novo, o menino mais velho e a cachorra Baleia.

A sequidão dos personagens é representada na pobreza de suas falas; eles mal conseguem se expressar, e muitas vezes o fazem por gestos ou grunhidos. A família é colocada no mesmo patamar de um animal; a cachorra Baleia tem espaço significativo. Até a escrita do livro é econômica (meio seca), tanto que a leitura é surpreendentemente rápida.

Mas Graciliano Ramos não limita os porquês da condição miserável de seus personagens apenas à seca. A exploração latifundiária está lá representada, assim como o poder opressor do governo.

Leiam Vidas Secas e entenderão melhor esse confuso post.

terça-feira, setembro 19, 2006

O Matador


Tenho que confessar que nunca esperei muita coisa do ator Pierce Brosnan. Sempre o considerei um ator somente charmosinho que interpretava James Bond. Até eu assisti "O Matador". O cara tá muito engraçado no filme. Ele interpreta um assassino de aluguel que após anos de serviços prestados, muitas mulheres e muita bebida na mente se dá conta que não tem amigos.

Solitário em um hotel no dia do seu aniversário Julian Noble (Brosnan) força uma amizade com Danny Wright (Greg Kinnear), um homem "certinho", com com problemas financeiros mas que tem um casamento estável. O filme se desenvolve, então, a partir dessa amizade e das crises que Julian passa a ter na hora de executar um serviço.

Mais uma coisa, em toda sua breguice (olha o bigodinho, gente) o personagem de Pierce Brosnan até tem um charme...

segunda-feira, setembro 18, 2006

Ata-me


O que um homem não faz para conquistar uma mulher, hein?!!
Rapaz (Antônio Banderas) seqüestra a mulher (Victória Abril) por quem é apaixonado com a intenção de despertar nela o mesmo amor sentido por ele. Ele acabou de sair de um hospital psiquiátrico e ela é uma ex-atriz pornô. Os dois já haviam passado uma noite juntos e desde então ele é fascinado por ela.
Ata-me é romance dos bons bem ao estilo do diretor Pedro Almodóvar. Vitória Abril é linda e Antônio Banderas está ótimo e gostoso como sempre.

Quer saber de uma coisa? Até eu gostaria de ser seqüetrada pelo Antônio Banderas!

E para quem acha que a história do seqüetro é meio absurda leiam um pouco sobre Síndrome de Estocolmo.

Reflexão: Você não sabe o potencial de um megulhador de brinquedo...

quarta-feira, setembro 13, 2006

Guerra do Fogo

Assisti à "Guerra do Fogo" ontem na aula de Sociologia da Comunicação. Tinha todas as chances para ser uma das aulas mais chatas do mundo. Não se escuta uma fala o filme inteiro. Mas experimente assisti-lo junto de uma galera com a língua afiada para falar besteiras, e pronto! Você terá uma das sessões mais divertidas de sua vida.

Ah, o filme não tem fala porque se passa na pré-história. Mostra humanos em diferentes graus de desenvolvimento. Pesquisando na internet, vi que "Guerra do Fogo" tem maior moral por aí.
Então, leiam uma crítica mais séria neste site.

Lembrete: só assista sozinho se for um pesquisador e não estiver com sono.

terça-feira, setembro 12, 2006

Irreversível


Para usar um eufemismo, esse filme é chocante. Mostra a busca pela vingança de dois amigos pelo estupro sofrido pela namorada de um deles. Como o filme é contado de trás para a frente(ao estilo Amnésia), logo no início vemos o resultado da vingança, com a famosa "cena do extintor", que compete com a cena do estupro em termos de violência, e de repugnância que causam nas pessoas que o assistem.

Ao colocar os acontecimentos do fim para o começo, deixando as cenas mais leves e felizes no fim do filme, o diretor Gaspar Noé talvez quisesse dizer que a medida que o tempo passa as coisas tendem a ficar piores. Se essa era a intenção, "Irreversível" apresenta uma das teorias mais bestas do cinema.

Mas esquecendo a teoria, a forma técnica como o diretor a defendeu até que faz sentido. A movimentação excessiva da câmera no começo do filme chega a irritar. Depois, nas cenas mais leves dos personagens, a câmera fica menos agitada.

segunda-feira, setembro 11, 2006

E sua mãe também

Júlio (Gael García Bernal) e Ternoch (Diego Luna) são rapazes de 17 anos, da classe média alta mexicana, alienados, fumadores de maconha e comedores em potencial. Os dois convencem uma bela mulher casada a viajar com eles para a praia Boca del Cielo, lugar este, aliás, que não sabem o caminho, nem se realmente existe.

O filme me pareceu um daqueles road movie americanos mas com cenário e clima mexicano. Os conflitos vividos por Júlio e Ternoch são intercalados com as imagens de miséria social dos locais por onde os três aventureiros passam.

O diretor de "E sua mãe também" Alfonso Cuarón, autor também do roteiro (indicado ao Oscar), fez uso de um estilo quase documental para contar essa história, o que deu um toque bastante realista à produção.

E há também umas cenas de sexo. Muito interessante. Destaque para a triz pricipal, Ana López Mercado.

sábado, setembro 09, 2006

Cidade dos Anjos


Seth (Nicolas Cage) é um anjo que tem como missão trazer conforto à alma daqueles que acabaram de fazer a passagem. Meg (Me Ryan) é uma cirurgiã competente mas que perde um paciente durante uma operação. O anjo está presente neste momento e acaba se interessando pela médica. Ela, apesar de num primeiro momento não conseguir vê-lo, sente sua presença e o conforto que ela lhe traz. Por intermédio de um dos paicentes de Meg os dois se encontram e se apaixonam, mas há um problema. Ele na condição de anjo não é capaz de ter sensações táteis, então, como se pode viver um amor sem poder sentir a outra pessoa? Seth então abri mão de sua existência eterna para ficar com ela.

Cidade dos Anjos é um filme sublime. Faz valorizar os momentos de nossa vida, todas as nossas sensações e amores. Vou contar o final do filme. Até porque acho que muita gente já o assistiu. Meg morre no final após poucos momentos de amor entre os dois personagens. Aí você se pergunta se valeu a pena para o anjo largar uma vida de eternidade para ficar com ela. Após assistir um dos pôr-do-sois mais bonitos do cinema, entendemos que sim.

Cidade dos Anjos é refilmagem de Asas do Desejo, do alemão Win Wenders. Dizem que este último é melhor, mas como eu ainda não o vi, fico com a produção americana.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Nove Rainhas


Dois trapaceiros de quinta categoria resolvem se juntar para dar o maior golpe de suas vidas. Eles planejam vender a falsificação de Nove Rainhas, conjunto de selos da República de Weimer. Os dois trambiqueiros ficam em um jogo de desconfiança, um com medo de ser enrolado pelo outro. Não chega a ser um filme de seuspense mas tem reviravoltas e surpresas interessantes.

Nove Rainhas é uma produção argentina realizada durante a maior crise econômica recente do país. O diretor Fabian Bielinsky parece querer fazer uma crítica a esse momento histórico e ao estado social em que se encontra a população. Para quem achava que só o Brasil era o país da malandragem...

segunda-feira, setembro 04, 2006

Lolita, de Vladimir Nabokov


"Lolita" criou muita polêmica na época em que foi lançado, na década de 50. Também, pudera, aborda um tema que ainda hoje é um pesadelo para a sociedade: pedofilia.

A história é narrada por Humbert Humbert, um professor inglês residente nos Estados Unidos, que se apaixona pela filha de sua senhoria. A menina tem doze anos. Para ficar mais perto dela, Humbert casa-se com a mãe da garota.

A menina Lolita não representa a imagem tradicional da criança inocente, nem Humbert a do completo psicopata pedófilo. Aliás, em vários momentos do livro, é possível sentir pena dele. Isso, aliás, é muito curioso e pode ser explicado pelo fato de a história ser narrada do ponto de vista de Humbert. Sentimos os efeitos de sua obsessão por Lolita, seu sofrimento.

Vladimir Nabokov foi acusado de ser um autor de pornografia, na época do lançamento do livro. Ele foi sim um autor com coragem de abordar algo espinhoso como a pedofilia, e que expôs a hipocrisia da nossa sociedade.