sábado, janeiro 24, 2009

Acabou mesmo

Vou fazer algo que já deveria ter feito há pelo menos dois anos: acabar com este blog. Cinelivro começou a ser produzido quando eu ainda era uma quase caloura, eu estava em outra fase. Tentei retomá-lo, sem ânimo e, por conseqüência, sem sucesso.

Mas isso não quer dizer que desisti dos blogs. Continuo a minha tentativa/pretensão de escrever sobre cinema neste endereço. O novo blog ainda está sem título, mas espero resolver isso logo, logo.

Até

sexta-feira, outubro 03, 2008

A defesa de Saramago

A verdade é que soltei uma gargalhada quando li um dos argumentos usados por José Saramago para defender o filme Ensaio Sobre a Cegueira, de Fernado Meirelles, do boicote promovido pela Federação Nacional de Cegos (NFB) dos Estados Unidos. Confiram: "Isto não é uma polêmica, pois para que esta exista são necessários dois interlocutores. Neste caso, trata-se de uma associação de cegos que decide ter uma opinião sobre um filme que não viu". E ele tem razão, não é mesmo, gente?

Fala sério, os caras não viram o filme (que aliás, honra o livro no qual se baseia) e querem julgá-lo a partir de terceiros?!! Em vez de fazer protesto contra o fime, por que não vai fazer alguma campanha solidária em prol de algum grupo social necessitado. Pelo jeito capacidade de organização eles têm, só lhes faltam discernimento para escolher um objetivo.



Soube por aqui.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Sobre resenhas

Uma pontada (e que pontada!!) de insegurança sempre me acerta quando penso em escrever algum texto para este blog. Como meu número gigantesco de leitores já deve ter percebido, me proponho aqui a escrever sobre alguns filmes e, muito raramente, sobre livros. Desde que criei este blog, meu medo maior foi de que me considerassem "pretensiosa demais", "a que pensa que já é crítica de cinema", quando na verdade minha intenção é tão somente compartilhar idéias e impressões.

Estou no meu último ano da faculdade e meu tcc é sobre crítica de cinema. Na minha última reunião com meu orientador e outros colegas orientandos, falamos sobre essa coisa de escrever "críticas de cinema" em blogs, e como cinéfilos se apropriam dessas ferramentas (os blogs) para escreverem seus textos. Defendi que considerava muito válido alguém se propor a escrever um texto crítico sobre uma obra. É melhor do que ficar indiferente. Na hora ninguém me contestou, então prefiro acreditar que concordaram comigo.

O que achei mais interessante nessa conversa toda foi o que o meu orientador falou sobre o que é (ou não) crítica. Ele disse que muitos críticos de hoje não consideram o que escrevem como crítica e que preferem chamar seus textos por outros termos; resenha é o mais comum deles. Um dos motivos para isso seriam o espaço reduzido que é dispensado pelos meios tradicionais aos textos críticos.

Mas onde quero chegar com essa história toda? Comecei falando de insegurança e segui comentando uma reunião de tcc!! É que ao ouvir do meu orientador que já é quase um consenso entre muitos profissionais não considerarem crítica o que é produzido por aí, por algum motivo, me senti mais aliviada para continuar a compartilhar minhas impressões aqui, sem precisar me preocupar tanto se o que estou escrevendo aqui é uma crítica ou não.

Sei que viajei em muita coisa aí em cima mas precisava desabafar. De repente nem foi isso que meu orientador falou, mas aí vou deixar para esclarecer na próxima reunião.

terça-feira, setembro 16, 2008

Ensaio Sobre a Cegueira


Acabei de assistir a Ensaio Sobre a Cegueira, de Fernado Meirelles, e todas as alegorias e metáforas a que fui satisfatoriamente submetida quando li a obra de José Saramago (livro no qual foi baseado o filme)retornaram com força agora.

Como bem escreveram por aí, a obra de Saramago "tem uma abordagem para todos os gostos e áreas profissionais", o que me possibilitaria ficar tempos aqui tentando lembrar de algumas dessas abordagens, mas confesso que uma ligeira preguiça me acomete

Sinopsezinha preguiçosa: uma epidemia de cegueira ataca a população de um lugar (cidade, país, o mundo todo, não se sabe) e faz com que as pessoas tenham que se adaptar a toda uma nova forma lidar com as pessoas e coisas a sua volta, além de fazer surgir a necessidade de um sistema de organização que contemple a recente condição dessas pessoas. (Leia mais sobre a história aqui)

Meirelles e seus colaboradores (pessoal da fotografia, da edição...) foram muito felizes ao lançarem mão de imagens em tons quase predominantemente brancos, às vezes embaçadas e confusas, e enquadramentos inusitados (como em uma cena que mostra o Médico do pescoço para baixo). Tudo isso para ilustrar a condição desnorteada em que se encontram os personagens.

Ai gente, gostei (aqui estou eu usando tão batida palavra) por demais do filme! Ele é (quase) todinho do jeito que eu imaginei. E não me refiro à fidelização das imagens, mas sim à captação por parte de Meirelles (e seus colaboradores, digo mais uma vez) da idéia geral do livro, que é a de que antes da cegueira nós já nos encotrávamos em uma condição de ignorância, ou seria desintere-se?, para com a situação do outro, e que o mal branco (a cegueira) viria para despertar em nós a importância de outros em nossa vida.

As ressalvas ficam por conta da participação menor do Velho da Venda Preta e da amenizada nas imagens (o livro exalava imundície!), principalmente da cena do estupro. Mas, convenhamos, se fossem transpostas, as cenas pesadíssimas, por vezes repugnantes, transcritas no livro, o filme corria o risco de não ser visto por muita gente.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Piaf - Um Hino ao Amor


Algumas músicas da cantora francesa Édith Piaf já me eram conhecidas, sem, contudo, que eu fosse capaz de associá-las a sua intérprete. O filme me veio reparar esta ignorância. Dona de uma vida intensa e recheada de fatos, no mínimo, inusitados, como acusação de assassinato e dependência de drogas, Édith Piaf passou de uma infância pobre (parte dela vivida em um bordel e em um circo) a um estrondoso sucesso como cantora, inclusive fora de seu país.

Como meu conhecimento sobre a cantora francesa resume-se a Wikipédia não vou me arriscar aqui a identificar falhas históricas nesta cinebiografia. Deixo este trabalho com pessoas infinitamente mais gabaritadas que eu. Mas de uma coisa posso reclamar; a estrutura cronológica adotada pelo diretor Olivier Dahan é um desastre. As idas e vindas na trajetória de Edith Piaf são muito confusas. Se isso já é um pecado em qualquer filme, em uma cinebiografia é uma heresia.

Por outro lado, pelo menos dois méritos este filme tem: um é o de conseguir passar para a pessoa que lhe assiste toda a intensidade da trágica vida dessa mulher; o outro é ter Marion Cotillard interpretando Piaf. A atriz, inclusive, levou o Oscar por este papel.




Diretor: Olivier Dahan. Com: Marion Cotillard, Emmanuelle Seigner, Gérard Depardieu, Sylvie Testud, Pascal Greggory

quarta-feira, agosto 13, 2008

Na Natureza Selvagem



Trailer do filme

É até um ideal bonito o do jovem angustiado Christopher McCandless (interpretado por Emile Hirsch), que, aos 23 anos e recém graduado, resolve renegar qualquer tipo de bem material e parte rumo a uma jornada solitária, e fascinante, pelo desafiador mundo da natureza, tendo como destino mais específico o Alasca. No caminho até lá, ele faz amizades com pessoas que, cada uma com sua história, possuem seus próprios tormentos e que poderiam servir como referência para suas atitudes. Mas não é bem isso que acontece.

Para atingir seu objetivo, ele abdica do seu dinheiro, do contato com seus amigos e priva sua família de qualquer notícia sua. É, principalmente, esta última atitude de Chris que denota a sua imaturidade (e que até me deu certa raiva), ainda que não seja sua intenção causar algum tipo de mágoa.

Ao mesmo tempo em que se mostra egoísta em relação aos seus pais, Chris se revela uma pessoa carismática que consegue naturalmente manter um bom relacionamento com as pessoas que encontra ao longo de seu percurso.

Um dos pontos mais louváveis desse filme dirigido por Sean Penn é que são explicitadas as várias nuanças que um personagem baseado em uma história real plausivelmente deve ter. E saber que a incrível história deste rico personagem realmente aconteceu é de deixar pasmada qualquer pessoa que lhe assiste.


Hal Holbrook




Hal Holbrook interpreta Ron Franz, um dos amigos que Chris faz enquanto tenta chegar ao Alasca, e é responsável pela cena que mais me marcou neste filme. Pode até não ser o mais importante, mas nunca vou me esquecer do momento em que o personagem de Hal faz a Alex um pedido bastante comovente (não vou dizer o quê para não entregar um detalhe importante do filme). Foi algo tão real... e tão triste. Aquele semblante deprimido de Hal vai ficar na lembrança.

Ele foi indicado ao Oscar de ator coadjuvante por este papel e fiquei me perguntando para quem ele perdeu o prêmio. Aí lembrei que o vencedor nessa categoria foi o espanhol Javier Bardem, pelo filme “Onde os Fracos Não Têm Vez”. É, Hal, foi um ano ingrato para se competir.



Diretor: Sean Penn. Com Emile Hirschi, Willian Hurt, Marcia Gay Harden, Jena Malone, Catherine Keener, Vince Vaughn, Hal Holbrook.

segunda-feira, agosto 04, 2008

O Preço de Uma Verdade




O número de jornalistas nas redações diminuiu e a exigência de que esses profissionais produzam textos mais criativos e diferenciados cresceu. Se tiver algum traço de humor inteligente melhor ainda. A partir dessa perspectiva podemos entender um pouco, mas não justificar, a história de Stephen Glass, que na segunda metade da década de 90 trabalhava no The New Republic (uma respeitada revista estadunidense) e que ficou famoso pelas suas interessantes, bem-humoradas e totalmente falsas matérias jornalísticas.

O Preço de Uma Verdade conta a história real desse jovem jornalista, então na casa dos vinte e poucos anos, que já chamava atenção pelos seus textos. Depois de uma rápida escalada profissional, Stephen Glass começa a despertar a desconfiança de um colega de profissão, que trabalha em outro veículo, ao publicar uma matéria curiosíssima sobre um hacker. Daí até a descoberta do seu método imaginativo de escrever reportagem é um pulo. A própria estrutura narrativa do filme brinca com a mente fantasiosa do protagonista.

Mesmo expondo um caso, no mínimo, constrangedor do jornalismo e mostrando como, infelizmente, pode ser fácil produzir matérias mentirosas, o filme, de certa forma, também defende essa profissão ao dar espaço a personagens como Chuck Lane (interpretado por Peter Sarsgaard), um jornalista sério que serve como um contraponto, bastante adequado, a Stephen Glass (Hayden Christensen).

Sobre Christensen, aliás, só o havia visto nos dois últimos Star Wars lançados e, mesmo tendo interpretado ninguém menos que Darth Vader, não foi o suficiente para chamar minha atenção. Aqui ele é bastante competente em expor a simpatia, a aparente vulnerabilidade e o crescente desespero deste patético personagem.

Esta película se estabelece, assim, como uma importante fonte de reflexão sobre o trabalho jornalístico, sobre ética e como, às vezes, um texto burocrático mas correto é bastante bem-vindo.