O autor
Marcelo Rubens Paiva ficou
tetraplégico ao pular de cabeça em um lago de meio metro de fundura.Ele tinha apenas 20 anos na época do acidente e resolveu contar sua história em um livro,
Feliz Ano Velho,lançado em 1983. No livro, ele intercala os momentos pós-acidente com sua autobiografia, que conta ainda com um
pai desaparecido na época da ditadura.
Tudo muito triste, não é? Pode ser, mas o cara escreve o livro de forma tão descontraída, e com tanta sinceridade, que em alguns momentos (vários) a gente chega a dar boas risadas. Ele, por exemplo, revela o nome das meninas com as quais já transou; ou relata os estranhos hábitos dele com um gatinho, sem demonstrar qualquer constrangimento.
Feliz Ano Velho na época do lançamento foi um fenômeno de vendas e dividiu a crítica especializada pela forma nada rebuscada de escrever ("me levaram
prum cinema"). Da minha parte, estranhei bastente esse excesso de coloquialismo. E por mais que seja engraçada a sinceridade excessiva do
autor, um pouco de sutileza no tratamento de alguns personagens não faria mal algum ao livro.